domingo, 4 de setembro de 2005

Cogumelos venenosos

Costuma-se dizer que é impossível distinguir se um cogumelo é venenoso ou não, unicamente sob seu aspecto. Eles confundem muito. A variedade é grande, e somente nunca análise mais acurada pode-se conhecer sua composição.

Portanto, os cogumelos são traiçoeiros.

Quando era criança, costumava ouvir que os cogumelos serviam de casinha para os sapos. Nunca vi nenhum sapo se abrigando sob qualquer cogumelo. Mas eu acreditava!

Não sei o que ensinam para as crianças, no Japão, a respeito dos cogumelos. Talvez digam que seja a mais perfeita criação da engenharia búdica. E talvez as crianças acreditem.

Mas talvez o conceito que o povo nipônico tenha, sobre os cogumelos, seja o mais trágico, satânicos, estarrecedor, assombroso, medonho, do que qualquer outro vegetal da riquíssima botânica da terra do Sol Nascente!

Nem os dragões e suas ventas de fogo fizeram alusão tão apavorante, sobre os fogos de artifício.

Para os japoneses, o cogumelo talvez faça se recordarem de conceitos como Luz, Prometeu Acorrentado, Lúcifer, Eva Sedutora, Estátuas de Sal, Bhagavad-Gita, Bohr, Philip Morrison e sua declaração de que nada criou, somente redescobriu.

O homem, de linhagem direta dos primatas-atlantes, não é imune ao cogumelo venenoso. Os sapos, anfíbios de linhagem direta dos peixes-mamíferos, também não o são. Mas, curioso, as baratas são.

Portanto, ou o homem subsistirá e terá o mundo como legado, ou a barata subsistirá, ou terão que aprender a conviver em harmonia, cessando uma inimizade que remonta à mais recuada era.

Se Mehmet Ali Agca conhecesse a fundo a questão dos cogumelos venenosos, hoje os efeitos do Concílio Vaticano ll não se fariam sentir. E nem teria posto mais uma vez à prova a Infalibilidade da Igreja, e as Bulas Papais. Mas Lúcia, com certeza conhecia bem os cogumelos venenosos, talvez por ser uma jovenzinha campônia, antes de encerrar-se para sempre no claustro do silêncio.