quinta-feira, 26 de novembro de 2009

João Bobão

João Bobão era o seu nome.

João de batismo e Bobão de alcunha, não era à toa que o chamavam assim.

Sua vida era sorrir. Um sorriso constante, sem causa aparente, lá ia João Bobão pela vida, rindo feito bobo, e fazendo os outros rirem também de si.

Nada para João Bobão estava ruim. E viesse a inflação, e a peste, e a fome, e o partido da oposição a ganhar o pleito; e houvesse reajuste no gás, na luz, na água, no telefone; e tudo estivesse ruim, péssimo, lastimável - e João, o Bobão, lá estava com aquele riso bobo na cara, incólume e alheio a tudo.

João Bobão era o típico cidadão pacífico idolatrado pela política. Não tinha voz, não tinha boca, não tinha punhos. Tinha só aquele sorriso bobo. Esse era seu patrimônio. Sua marca. Seu eu.

Até que um dia sopraram-lhe uma piada mal contada.

Então tudo mudou.

João Bobão fechou a carranca. Carregou os sobrolhos. E partiu pra luta.

Odiado pelo mundo, pela política, trocaram a alcunha. Agora chamavam-no João Enfezadão.

E João Enfezadão passou a ser alguém na vida

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