quinta-feira, 11 de março de 2010

Por detrás da lenda...

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A princesinha acordou assustada.

Diante de si, sete diabretes formavam um círculo ao redor da pequena cama. Seu coração disparou.

Num instante, lembrou-se das histórias dos camponeses sobre a familiaridade dos elementais nas suas choupanas e charnecas, quase comparados aos penates da Antiga Roma.

Branca de Neve não era tão tola como nos faz sugerir os irmãos Grimm. Havia crescido às voltas com as feitiçarias de sua madrasta, muitas vezes concorrendo com ela nas conjuras aos espíritos do astral.

Ela sabia, enfim, o que acontecia ali.

Os elementais da terra são energias brutas, tão rudes quanto a própria natureza telúrica da crosta. E logo a moça sacou que diante de si tinha sete (número cabalístico) falsos gnomos (ou formas-pensamentos) materializados no meio da mata pela madrasta para monitorar os passos da jovem e maldita herdeira na sua fuga.

Ali - e isso os irmãos Grimm e nem Disney contam - ocorreu uma acirrada batalha de magia. De um lado, a madrasta, evocando toda uma horda de baixíssima vibração para animar seus trasgos, e do outro, a menina iniciada, revertendo essa energia com eflúvios de simpatia para influenciar positivamente os falsos gnomos no seu convívio.

Branca de Neve ganhava essa batalha travada à distância. Os anões tornaram-se seus serviçais, e a madrasta, muito astuta, cismou que tinha que resolver a parada pessoalmente.

Mas ninguém imaginava - isso mesmo, nem Branca de Neve, nem a madrasta, NEM OS IRMAÕS GRIMM E NEM DISNEY - que um dos anões, o Mestre, havia dissipado uma das formas-pensamentos e tomado seu lugar, e era o único e verdadeiro gnomo já dotado de um certo grau de livre-arbítrio.

Após o envenenamento pela maçã, ele alterou o campo vibracional das seis formas-pensamentos, e com elas perseguiu a bruxa, ávido por justiça.

Aqui as versões se multiplicam. Mas a mais conhecida - e adotada por Disney - dá a conhecer que a bruxa é exterminada na perseguição empreendida pelos anões.

O mais notável é que Branca de Neve nunca foi envenenada de fato. Nos meandros da Alta Magia, há infinitos recursos que só os Magos Brancos e Negros conhecem bem. O Mestre (gnomo) soube amenizar o efeito letal do feitiço na maçã, conjurando paralelamente a horda evocada e comutando o feitiço para um sono cataléptico de longa duração.

Portanto, o beijo do príncipe foi uma versão romanceada para a solução da lenda e o seu desfecho. Não que ele não tenha beijado a moça. Mas ela teria que despertar de qualquer forma.

P.s. Mas, afinal, de onde teria surgido o Mestre, esse único anão que não estava à mercê das manobra mágicas da madrasta e sua enteada?... Isso é ooooooutra história...

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