quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O abutre pousou no telhado da casa.


O abutre pousou no telhado da casa.

Que abutre horroroso! Negro como uma gralha, vergado, deu três saltos agourentos na cumeeira e esvoaçou até aos pilares da varanda em frente à choça.

A porta se abriu num rangido gemebundo. Nheeeeecccccc! E o abutre, tal quais os nossos carcarás saltitantes, mergulhou no interior da casa cheio de curiosidade.

Ali era só desolação. Poeira, calhamaços velhos espalhados pelas estantes e um silêncio úmido que dariam arrepios no mais intrépido aventureiro.

O bicho vasculhou todos os cantos da casa. Estranho! Ali não havia carniça. Ainda assim empoleirou-se numa das quinas duma estante e ficou grasnando, inquieto, a perpassar seus olhos de rapina por todo o caos.

Morreu ali, só, vomitando langanho como um sentinela naquela biblioteca-fantasma.

Nunca vai se compreender os abutres, o porquê eles cultuarem a morte e tudo o que a representa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário