sábado, 16 de janeiro de 2010

Galão D'água (texto de Patrícia Hakkak)

Ela estava lá, hirta de tanto medo, molhada de suor, e lhe corria um frio pela espinha...
Ele então, que sabia ousar e muito de seu poder de chefe, gritou, esbravejou e cobrou, de novo, aquela produção, aqueles números. "Onde estavam as vendas?" Perguntava ele, com tom sínico no olhar, verde de arrogânica... "na sua gaveta?"
Saiu, da sala, via diante de si uma onda jorrando em lágrimas... perdidas...revoltas...não viu aquele galão de água, que tantas vezes lhe matara a sede, onde tentava calcular como conseguir mais vendas. E o estribuchou, rachou e vazou como sangue de um morto, toda a sua água existente...
Ficou fora de si, revoltou-se como o mar revoltado de seus olhos, com o grito dos companheiros, e finalmente deu vazão ao seu surto, gritou, esbravejou, vociferou... "vocês, que vendem, vendem a alma, ou a cama?
Pegou a bolsa e fina e educadamente, visitou o chefe.
Aquele hashi que lhe servia únicamente para prender os cabelos, foi violentamente metido na jugular, a parte fina entrou, o sangue jorrou, e ele também já sem vida como aquele galão já sem água, tombava seco.

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