...
Haviam se conhecido há duas horas num barzinho.
Já na cama do apartamento, de súbito, ela esbofeteou sem dó seu parceiro.
-Cafajeste! - berrou histérica.
Nua, ajoelhada sobre o leito, estava irreconhecível.
-O que aconteceu, amor! - ele colocou a mão sobre a bochecha afogueada.
-Eu não me chamo Mary, me chamo Marília! Traste...
Ele tentou envolvê-la novamente, dizendo que não tinha tido a intenção, que a desejava...
Nada adiantou! A garota estava irredutível.
Em poucos segundos ela já tinha entrado na calcinha, ajustado a minissaia, calçado as sandálias e acertado o cabelo. E saiu, tesa, nariz empinado, sem sequer olhar para trás.
Mas... se esqueceu da bolsa, voltou, tomou-a das mãos do amante, e viu caída ao lado sua identidade.
E viu, perplexa, que o “lia” de Marília estava formidavelmente ocultado por um papel grampeado ao documento.
-Oh... - a garota sussurrou, olhando no fundo dos olhos do ex-futuro-amante.
-Olhei tua identidade no chão quando você se despia pra mim - ele mentiu oportunamente. Você nem me disse teu nome no barzinho...
Derretida, ela entregou-se de corpo e alma ao seu parceiro, como se isso fosse um lenitivo à injustiça que julgava ter cometido contra o "pobre" amante.
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