sábado, 16 de janeiro de 2010

O nome da amante

...

Haviam se conhecido há duas horas num barzinho.

Já na cama do apartamento, de súbito, ela esbofeteou sem dó seu parceiro.

-Cafajeste! - berrou histérica.

Nua, ajoelhada sobre o leito, estava irreconhecível.

-O que aconteceu, amor! - ele colocou a mão sobre a bochecha afogueada.

-Eu não me chamo Mary, me chamo Marília! Traste...

Ele tentou envolvê-la novamente, dizendo que não tinha tido a intenção, que a desejava...

Nada adiantou! A garota estava irredutível.

Em poucos segundos ela já tinha entrado na calcinha, ajustado a minissaia, calçado as sandálias e acertado o cabelo. E saiu, tesa, nariz empinado, sem sequer olhar para trás.

Mas... se esqueceu da bolsa, voltou, tomou-a das mãos do amante, e viu caída ao lado sua identidade.

E viu, perplexa, que o “lia” de Marília estava formidavelmente ocultado por um papel grampeado ao documento.

-Oh... - a garota sussurrou, olhando no fundo dos olhos do ex-futuro-amante.

-Olhei tua identidade no chão quando você se despia pra mim - ele mentiu oportunamente. Você nem me disse teu nome no barzinho...

Derretida, ela entregou-se de corpo e alma ao seu parceiro, como se isso fosse um lenitivo à injustiça que julgava ter cometido contra o "pobre" amante.

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