...
A menina de seis anos, vivíssima, saiu da frente da TV e foi abordar a mãe, que estava tomando água na cozinha:
-Mãe, o que é "prostíbulo"?
A mãe levou um puta susto. O copo caiu da sua mão.
-Prostíbulo! Onde ouviu isso, menina?
-Na TV, ora. No programa da Ana Maria.
A mãe não duvidava que ela tinha ouvido isso mesmo no tal programa.
Suspirando fundo, tentou safar-se da situação da melhor maneira que pôde:
-Filhota, prostíbulo é um lugar onde se reúnem mulheres.
-Mulheres?
-É... mulheres... garotas... raparigas (aqui ela tentou uma pronúncia bem lusitana, mas acentuou cada sílaba, aproveitando para mandar aí o seu asco pelas meninas dos extintos meretrícios.
A menina pensou, pensou, meteu o dedinho angelical entre os lábios, pensou mais um pouco, e por fim tornou ao interrogatório de fogo:
-E o que é rapariga?
Aquela conversa já tava ficando embaraçosa.
-Rapariga... rapariga... ah, filha, é um termo que, aqui no Brasil, significa menina que pinta-e-borda.
Os olhos da moleca brilharam agora. Atavicamente prendada, sem esperar qualquer outra elucidação materna, deu um salto e, cheia de contentamento, declarou:
-Ah, mãe, então eu também quero ser RAPARIGA!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário