sábado, 16 de janeiro de 2010

A grande risada

...

Todos se voltaram para ele na pizzaria.

Não se sabe porquê, mas de repente, ele começou um gargalhada ruidosa, convulsiva, preocupante.

Como que tomado por alguma entidade pernóstica, ele batia os punhos na mesa, sapateava, revirava todo o corpo, como se aquele acesso de risada nascesse no centro do seu organismo e se irradiasse até às extremidades.

E ria. Ria alto. O fôlego curto. Os olhos cerrados.

Desequilibrando-se, tombou com a cadeira, levou a mão ao ventre, encolheu-se todo, rolando no chão - e rindo.

Agora ele inspirou preocupação. Vieram alguns curiosos. E viram, também um sorriso maroto, sobre a mesa do nosso gerador de gargalhadas, uma tira de jornal, e a manchete bombástica:

"CPI conclui os trabalhos. Ninguém foi cassado."

Sobre a mesa, uma pizza. E rolando no chão, um assessor de gabinete.

Ali tinha pão. Ali tinha circo. Mas não para o povo.

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